essa copa
De Rodrigo Hermano
essa copa.
essa copa
o tempo todo
essa copa
enchem jornais:
obras da copa
prazos da copa
essa copa
essa copa de caveiras em brasas
essa copa de vielas incendiadas
de gritos desesperados
de berros infernais calados
em carbonizadas arcadas dentárias
no Instituto Médico Legal
essa copa de pessoas aflitas
sem teto e sem chão
essa copa intragável
essa copa imperdoável
essa copa
que nos reduziu a objetos
que nos agracia
com todos os dejetos
altera nossos trajetos
essa copa
contra nossos projetos.
essa copa
chegou esta maldita copa.
contra ela milhões de fantasmas
nas vitrines, nas ruas
berram, lamurientos gritos
um violão depenado
chora um samba triste.
ninguém entendeu,
saíram dançando
gringos alegres.
oh, mas que merda infinita,
estes ricaços imbecis
não entendem nada.
esta copa
onde aceito ser o souvenir
ser objeto dançante, refletido
no sorriso fútil e ofensivo
daquele gringo
em ridículas roupas de safári
confortado em suas bela poltrona
horas de vôo desde Londres.
repetindo como papagaio inquieto:
"Brazil: sex, football, cachaça, mulata"
canalhices que aprendeu nos jornais
já estamos oprimidos, venha a nós
Venha nos tratar como bonecas infláveis
amparado pelos policiais.
essa copa,
o que fazer dela e de nós?
onde nos colocamos na discussão?
o que restará depois da carnificina?
sentir o cheiro da terra queimada?
das lágrimas evaporando
missas em memória dos falecidos?
cimento fresco e dólares?
nós, que fomos passivos.
chocados.
e pacificados.
quantos jantares finos teremos?
essa copa
o tempo todo
essa copa
enchem jornais:
obras da copa
prazos da copa
essa copa
essa copa de caveiras em brasas
essa copa de vielas incendiadas
de gritos desesperados
de berros infernais calados
em carbonizadas arcadas dentárias
no Instituto Médico Legal
essa copa
sem teto e sem chão
essa copa intragável
essa copa imperdoável
essa copa
que nos reduziu a objetos
que nos agracia
com todos os dejetos
altera nossos trajetos
essa copa
contra nossos projetos.
essa copa
chegou esta maldita copa.
contra ela milhões de fantasmas
nas vitrines, nas ruas
berram, lamurientos gritos
um violão depenado
chora um samba triste.
ninguém entendeu,
saíram dançando
gringos alegres.
oh, mas que merda infinita,
estes ricaços imbecis
não entendem nada.
esta copa
onde aceito ser o souvenir
ser objeto dançante, refletido
no sorriso fútil e ofensivo
daquele gringo
em ridículas roupas de safári
confortado em suas bela poltrona
horas de vôo desde Londres.
repetindo como papagaio inquieto:
"Brazil: sex, football, cachaça, mulata"
canalhices que aprendeu nos jornais
já estamos oprimidos, venha a nós
Venha nos tratar como bonecas infláveis
amparado pelos policiais.
essa copa,
o que fazer dela e de nós?
onde nos colocamos na discussão?
o que restará depois da carnificina?
sentir o cheiro da terra queimada?
das lágrimas evaporando
missas em memória dos falecidos?
cimento fresco e dólares?
nós, que fomos passivos.
chocados.
e pacificados.
quantos jantares finos teremos?
Bacana.
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