sábado, 16 de março de 2013

Por quê um Papa Latino-americano?


Por: Runildo Pinto

     



     A pretexto e veladamente a mídia passa uma imagem angelical, encantadora e pura do novo Papa, o Francisco. E, a nossa tarefa é desvelar o caráter político e ideológico da eleição de Jorge Mário Bergoglio.

ACIMA: Foto mostra jesuíta argentino em presença do ex-ditador Jorge Rafael Videla.

     
   A eleição de um Papa Latino-americano, reflete a abrangência da crise posta no capitalismo e na Igreja como partes da mesma face ideológica, o sintoma da evasão dos crentes e dos problemas éticos vividos pela Igreja católica caricatura da conjuntura política e econômica mundial principalmente na norte-americana e europeia.
     A América Latina, hoje, é ponto estratégico para o Status Qo da elite mundial. O conjunto de questões: crise política e econômica das relações imperialistas articulada com a crise no centro da Igreja Católica demonstra os resultados e repercussões conjunturais efeito do desvio do eixo econômico causado pela China, Rússia, Índia e Brasil, das revoltas árabes e de alguns governos Latino-americanos em desalinho com os interesses do império norte-americano e principalmente da dinâmica neoliberal em uma mudança de época que dá uma dinâmica desarticulada das superestruturas de Estado em cada país (do modernismo para o pós-modernismo). Os governos latino-americanos como o da Venezuela, Bolívia, Nicarágua, Equador e Cuba que se posicionam por uma postura de resistência e repercussão de soberania eficaz, se solidarizam com Palestina, Irã e Síria em uma conjuntura mundial que expõe a fragilidade do poder dos EUA e na Europa, mais precisamente na incapacidade de superar a crise na Grécia, Espanha, Portugal e França com receituários neoliberais. Enquanto a América Latina se rearticula política e economicamente em uma nascente perspectiva potencializada na construção de uma unidade política pela esquerda. Todos estes fatores e decadência do império norte-americano que se mantém a direção do mundo por conta aparato militar e da guerra. A eleição do Papa demonstra uma rearticulação mundial orientada pela reeleição de Barak Obama na Presidência dos EUA. A política de hora utilizar a guerra, hora da "negociação imposta" e/ou substituição de governos indesejáveis por governos títeres maleáveis que mais alteram a fachada que a essência, tem marcado a política internacional dos EUA.
     Na América Latina e Central está localizado o maior contingente de adeptos à religião católica e por sua vez, depois do petróleo árabe, o objeto de desejo do grande capital é a biodiversidade, portanto, o Papa vem como o primeira mudança de rumo da tática e estratégia dos capitalistas, em impor uma unidade pela direita, fazer um trabalho ideológico e contraponto contra as mobilizações e repercussões da Revolução Bolivariana (apostam na descontinuidade desta após a morte do Comandante Chávez) e da resistência da revolução cubana e das crescentes ações políticas e econômicas levadas a efeito faz vazar o bloqueio econômico imposto pelos norte-americanos. A meu ver o movimento conservador, reacionário da igreja orienta um papel fervoroso para reabilitação da manipulação ideológica mundial e reforçando a ação dos capitalistas em uma retomada de sua hegemonia e do desmonte dos governos à esquerda na América Latina e a suposta e desejada pelos capitalistas da mudança de rumo da revolução cubana rumo ao capitalismo seguindo o modelo Chinês.


    É importante que estejamos atentos em ampliar a avaliação sobre as reais intenções da eleição de um Papa latino-americano. O Papa João Paulo II, não veio por acaso, veio no interior do desmonte da URSS e dos países do socialismo real do leste europeu, da divisão da Iugoslávia e da implantação do modelo neoliberal, mais uma vez a Igreja cumpre um papel ideológico importante para que o capital continue impondo sua perversidade. A esquerda tem que abrir o olho e se recompor, se reorganizar, atualizando suas concepções e práticas fortalecendo a ideologia da classe trabalhadora na luta de classe para uma ação revolucionária eficaz junto à massa trabalhadora contra mais uma evolução da burguesia internacional. Portanto, esta singela avaliação serve para levantar a discussão sobre o tema descartando qualquer paranoia. A pretexto e veladamente a mídia passa uma imagem angelical, encantadora e pura do novo Papa, o Francisco. E, a nossa tarefa é desvelar e revelar o caráter político ideológico da eleição de Jorge Mário Bergoglio como a doce referência para impor austeridade que a burguesia internacional necessita.

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