quarta-feira, 16 de março de 2011

Racismo na internet.

Cresce a divulgação de idéias neonazistas pela internet
Por Cristiano Alves
Notícia em comunidade virtual, claramente adulterada, baseada em original da ABC News

A idéia de superioridade racial sempre foi uma constante no modelo capitalista contemporâneo. A fim de justificar a opressão dos negros na América, a redação original da Constituição dos Estados Unidos da América considerava os negros como apenas 2/5 humanos, depois promulgando a Lei Jim Crow, de teor nitidamente segregacionista, que proibia casamentos entre pessoas de etnias diferentes e negava direitos sociais aos mestiços. Setores mais reacionários da Igreja Católica, para justificar a escravização de índios nas Américas, defenderam a inexistência de alma em ameríndios e negros, o que foi seguido também por cientistas como Linneu.

O fato é que o racismo, isto é, a discriminação do indivíduo baseado na cor da pele ou etnia deste é uma construção que durante anos tem prejudicado a vida de muitas pessoas e negado direitos fundamentais a estas, produzindo regimes de terror manifestados principalmente em práticas escravistas e sistemas fascistas. Consiste num equívoco acreditar que somente pessoas de cores diferentes são vítimas desta prática. É um fato, por exemplo, que por volta do século XVIII e XIX teve lugar na Europa um verdadeiro surto de "polonofobia", isto é, o ódio contra poloneses. Muitos ideólogos de idéias racistas, principalmente na Alemanha, de maioria "branca", advogavam a idéia de que os poloneses eram uma "raça inferior", equiparada aos negros, Otto von Bismarck referira-se a eles como "animais", tal como lobos, que alguém deveria matar a tiros a vista.[1] Na França, país de maioria branca, durante a Idade Média, a classe dominante francesa apresentava-se como "de sangue normando" e a plebe como "de sangue gaulês", o que justificaria sua dominação. Os judeus europeus, geralmente de tez clara, sofreram pogroms em diversos lugares da Europa e os eslavos da ex-União Soviética perderam mais de 20 milhões de pessoas no maior holocausto da história[2], empreendido desde os primeiros dias da Operação Barbarrossa[3].

Seguindo os seus antepassados, as elites internacionais do capitalismo fomentam o ódio contra determinados grupos sociais, especialmente em países como Brasil, EUA e outros da América Latina, onde tem lugar o capitalismo mais selvagem possível. Michael Moore, cineasta, jornalista e pensador americano, denuncia o uso de programas policiais como instrumento discriminatório anti-negro nos EUA, situação facilmente verificada no Brasil.

A idéia básica do racista tem como premissa a chamada falácia do tipo "generalização apressada", também conhecida por "falsa indução", consistindo em atribuir regras específicas ao caso genérico. Assim, mostra-se um crime bárbaro cometido por uma pessoa de origem africana e usa-se um caso específico como argumento para "provar" que todos os negros são criminosos, argumento que pode ser facilmente desmantelado ao mostrar que existem pessoas de cor que são grandes intelectuais, operários, camponeses ou soldados sem nenhum histórico criminal.

Aleksander Pushkin, maior escritor da Rússia, país de esmagadora maioria branca, era de origem afro-russa
Há que se fazer aos racistas algumas interrogações, quem foi o maior assassino de brancos que a humanidade já teve? Ora, não foi ele um branco, o austríaco, Adolf Hitler? Que países promoveram as maiores guerras de destruição contra países países de maioria branca? Não foram países europeus de maioria branca tais como a Alemanha, Itália(Império Romano incluso) e França? Quem foram os maiores pilhadores e piratas da Idade Média? Não foram eles os vikings? Para muitos especialistas, ainda que todas as pessoas tivessem uma determinada cor, ainda haveria discriminação baseada num dado aspecto físico, uma vez que o racismo é na realidade uma construção social. Por que será que esses noticiários policiais não se preocupam em mostrar os milhões de brancos vítimas de Napoleão Bonaparte, os milhões de brancos vítimas de Hitler, as vítimas de Harry Truman, Clinton, Bush ou as milhares de vítimas do rei Leopoldo II no Congo?

É uma excrescência querer atribuir um determinado crime ou prática a uma determinada etnia, uma vez que delitos ocorrem por razões sociais, passionais, dentre outras, circunstâncias estas que podem estar presente em toda e qualquer etnia, seja ela branca, negra, asiática, hispânica, mediterrânea, nórdica, germânica, eslava, ariana, semita, ou seja lá qual for a divisão que se costuma criar entre seres humanos.

De fato, ante quaisquer estatísticas que os racistas queiram atribuir, nenhuma supera a das matanças de "brancos" pelos próprios "brancos", nenhuma justifica a violência e o ódio contra determinada etnia. Este ódio, que é fomentado por noticiários criminais na mídia burguesa e fomentado por todo um aparato ideológico, de forma aberta ou velada, atingindo facilmente a mente do néscio, do indivíduo desprovido de senso crítico. Embora esse tipo de "noticiário" não seja abertamente racista, eles, tais como certos filmes, transmitem uma mensagem subliminar que induz uma idéia falsa no indivíduo, especialmente aqueles que defendem a manutenção da estrutura social desigual do capitalismo, dos dominadores ou aqueles que aspiram chegar a tal posição, razão pela qual tais idéias encontram terreno fértil na burguesia, nos defensores do liberalismo econômico, que já possuem até o adubo em suas cabeças para a germinação da semente racista e irrigação.

Com a popularização das redes sociais, fica mais evidente o nível de preconceito que está impregnado nas mentes de muitos integrantes da burguesia e pequena-burguesia. Estes não são membros de nenhum partido comunista, onde tais indivíduos inexistem, mas elementos perigosos da sociedade e covardes, uma vez que usam-se com frequência de perfis falsos onde expressam o seu verdadeiro caráter. Através de comunidades orkutianas, revela-se personagens macabros como Mayara Peluso e outros que nem sempre se tornam tão famosos pelos seus crimes. Uma dessas comunidades se chama "BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO", criada em Caps Lock, vinculada a uma sociedade que se auto-intitula "HDB", isto é, "Homens de Bem", embora seu conteúdo sugira exatamente o contrário, dada a sua cumplicidade com um crime manifestamente repudiado inclusive na Constituição da República Federativa do Brasil, equiparado inclusive ao terrorismo.

Tendo o predomínio de membros direitistas dentre seus participantes mais ativos, a comunidade é infestada de opiniões racistas, num de seus tópicos, que traz uma notícia claramente distorcida e manipulada a respeito do estupro de uma garota de 11 anos, a usuária identificada por "Angel", nas mesmas linhas de Mayara Peluso, destila o seu neonazismo: "Minha nossa! Ae vc chama uma raça maldita dessa de macacos ainda vai responder processo! Bando de desgraçados deviam ser picados vivos!"(sic). Um outro membro de viés nitidamente racista apresenta "a raça negra e os pardos" como principais perpetuadores de crimes.

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As sociedades socialistas como a da antiga União Soviética e da antiga Tchecoeslováquia conseguiram banir o racismo de seu território, empreendendo organizações da infância e da juventude como os Pioneiros e o Komsomol. Países como Cuba e Coréia do Norte também conseguiram destruir o racismo através da educação socialista e de leis implacáveis contra o crime de discriminação, tendo sido a Constituição da União Soviética a primeira a criminalizar a discriminação baseada na etnia ou nacionalidade do indivíduo.

Somente através da supressão da sociedade capitalista e de sua superação através de uma nova democracia é que poderá extirpar a peste racista da face da Terra e levar a humanidade para um novo e mais avançado estágio evolutivo.



[1] Ogónopolski Konkurs Internetowy Historia Strajku Dzieci Wrzesinskich, citado em artigo da Wikipedia em: http://en.wikipedia.org/wiki/Anti-Polish_sentiment
[2] ANDREEV, E.M., et al., Naselenie Sovetskogo Soiuza, 1922-1991. Moscou, Nauka, 1993
[3] Operação Barbarrossa: maior operação de cunho terrorista da história motivado pela ideologia anticomunista e racista eslavófoba em vigor na Alemanha sob o "Reich" de Adolf Hitler, tirano austríaco responsável pela maior guerra da história da humanidade, cujo número de vítimas oscila entre 50 e 60 milhões.

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